Você e os indicadores de saúde

O que cargas d’água faz um geólogo escrevendo sobre saúde?
De um tempo pra cá, passei a me preocupar um pouco mais com a saúde. Acho que são os 40 se aproximando e a certeza da mortalidade. Por outro lado, há muitas coisas que eu ainda não fiz e não estava conseguindo fazer, preso na minha prisão portátil: a obesidade.

No meu primeiro artigo, Ex-obeso… uma leitora fez o seguinte comentário: “Mais importante que o marcador da balança é saúde.”
Foi o mote para escrever este.

O que são indicadores de saúde

Indicador é qualquer coisa que eu posso “medir” e que, como diz o nome indicam alguma coisa.

Normalmente usamos indicadores para avaliar alguma coisa que não conseguimos definir direito, ou que é simplesmente muito complicada para entender por alto. Nesse caso, preferimos trabalhar com uma quantidade menor de “números”, que facilita entender o que está acontecendo.

Por exemplo, como definir o que é saúde? Eu diria que é muito mais que a ausência de doenças. Eu diria que é a ausência da probabilidade (no sentido estatístico) de uma doença.
Por exemplo, se sua pressão arterial está dentro de uma faixa de valores (abaixo de 140/90 mmHg, segundo a Sociedade Brasileira de Hipertensão), dizemos que a pressão está boa. É um indicador de saúde.

Sua frequência cardíaca é outro. É comum ouvirmos que um adulto normal tem frequência cardíaca em repouso entre 60 e 90 (batimentos por minuto- bpm). Se você é atleta, pode ter bem menos. Ayrton Senna, por exemplo tinha perto de 50 bpm em repouso. Se sua frequencia está muito alta, ou é irregular, é uma indicação que algo não está bem.

Podemos então, enumerar uma série de indicadores de saúde: peso, IMC, %BF (porcentagem de gordura corporal) freqüência cardíaca, pressão arterial, colesterol total, LDL, HDL, triglicerídeos, glicemia em jejum, etc, etc…

O problema com os indicadores

O problema é que muitas vezes, esses indicadores são tratados apenas como números num papel. A pessoa do outro lado só quer que eles fiquem num determinado patamar. O que acontece frequentemente é que esses números indicam a condição de um determinado subsistema metabólico, isolado dos demais.

Pense num piloto que voa seu avião olhando apenas para o painel de instrumentos: altitude correta, combustível suficiente, pressão do óleo boa, temperatura do motor, vôo nivelado, trem de pouso recolhido e travado, direção correta. Tudo bem, certo? Errado, ele esqueceu de olhar para fora e não percebeu que um leve vento o tirou da rota planejada e agora está indo direto para um morro!

Alguns profissionais esquecem de olhar o conjunto. O corpo humano é um sistema. Você não tem nada sobrando no seu corpo e tudo o que está ali tem um motivo. Pode ser que não saibamos ou não entendamos sua razão, mas sobrando, não está.  Só separamos o corpo em sistemas poque é mais fácil entender as coisas separado, mas muitas vezes, esquecemos de juntar e perceber que tudo funciona em conjunto. Se uma partezinha sair lugar, pode desajustar a máquina toda.

Um exemplo disso é a gordura corporal. Até pouco tempo atrás se achava que era só “banha”, sem nenhuma função. Mas de uns tempos pra cá, se sabe que ela também tem função endócrina (é um órgão!) e secreta alguns hormônios, entre eles a leptina, responsável pela saciedade.

Então, quando você pegar seus exames no laboratório e estiver escrito algo na linha “estes resultados devem ser avaliados por um profissional”? Eu diria mais: estes resultados devem ser avaliados por um bom profissional, muito competente”.

Sobre Paulo Marcondes

Geólogo, Mestre em Ciências e Engenharia de Petróleo, Professor. Estudante dos estilos de vida e tradições nutricionais ancestrais. Praticante e instrutor de Kali Silat (STW) e Kombato, amante do ar livre, proto-radioamador, proto-jipeiro, proto-gyrevik, powerlifter-wanabe, e chato nas horas vagas. Ver todos os artigos de Paulo Marcondes

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