Arquivo da categoria: dieta

Comida de verdade, sem pesar no bolso.

Em meados de janeiro, a Marília escreveu um artigo, que é o cerne do que vimos discutindo nos bastidores há algum tempo.

O assunto é recorrente na paleosfera (tem este artigo bem ilustrado) e de maneira geral, é uma pergunta que qualquer um que faz uma “dieta estranha” volta e meia escuta.

Este artigo, apesar de longo (é o maior que já escrevi aqui), está longe de esgotar o assunto. Estou tentando apenas mostrar algumas alternativas.

Meu depoimento é bem simples: em casa (dois adultos que trabalham fora), não aumentamos a despesa mensal. No entanto, comemos comida mais gostosa e acrescentamos alguns ingredientes mais caros, já que estamos comprando mais queijos importados e mais vinhos.

Nós amamos ovos!

Nós amamos ovos!

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O invisível envenenamento do seu corpo no visível envenenamento do planeta

crop spraying

Ser onívoro e manipular racionalmente sua alimentação é uma opção entre o existencial e o técnico. Diz respeito a estilo de vida, à apropriação de si mesmo quanto a um aspecto fundamental da corporalidade, que é a ingestão de alimento. Ser vegetariano pode ser uma opção de cunho espiritual, político e ideológico, e assim integrar o indivíduo a si mesmo num outro plano. Adotar uma alimentação sem lixo químico e produzida segundo padrões de ética não é uma opção: é uma obrigação com o planeta, com a sociedade e com você mesmo. No fundo, todos sabemos em maior ou menor grau que isso é verdade. O problema é viabilizar esta prática mandatória.

Estamos falando sobre o consumo de alimentos orgânicos. Eu sempre impliquei com este termo. Assim como impliquei com a “cozinha natural”, produtos “bio” e produtos ecológicos. Lembro inclusive que, ainda na faculdade, o professor de Ecologia Geral se enfurecia com os ambientalistas que se apropriavam do termo, dizendo que toda esta prática poderia ser designada no máximo como “ecófila” (amiga da casa) – jamais “ecológica” (conhecedora da casa). Orgânico era pior: existe leite inorgânico? E sal? Não pode comer sal? Sal – seja ele refinado ou não – é NaCl. Do ponto de vista da nomenclatura química, é um composto inorgânico. Ler no rótulo de sal marinho a chancela de “produto orgânico” me dava uma pequena revolta. “Cozinha natural” dava mais pano para manga: podíamos passar horas e horas discutindo a complicada fronteira entre o natural e o artificial, conceituando como artifício tudo aquilo que passa pelo engenho humano. Como cozinhar, por exemplo. “Bio” era piada.

O termo orgânico, no entanto, bem como o conjunto de ações e abordagens intelectuais à questão alimentar relacionadas a ele, tem uma origem menos óbvia. Vem da concepção holística e ecologicamente equilibrada da “fazenda como um organismo”, proposta em 1939 por Lord Nothbourne em seu livro Look to the Land (Paull 2006).

Não é surpreendente que esta proposta tenha surgido ao final dos anos 1930s. Foi durante este período que ocorreu a primeira grande catástrofe agro-ecológica moderna – o Dust Bowl.

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Estilo de vida e Nutrição Ancestral

Basicamente foi por causa da minha curiosidade e estudos sobre esses dois tópicos que vim parar neste projeto.
Nada mais justo que um artigo só sobre isso.

Sobre o grande guarda-chuva do Estilo de Vida e Nutrição Ancestral, vamos encontrar tanto coisas que podem se encaixar na haute cuisine, quanto estilos como o Paleo e a Primal, seus exemplos mais famosos até a Nourishing Traditions, da Fundação Weston A. Price.

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Decisão: por que ela é sua e como tomar a melhor

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Decisões. A vida é cheia delas, não é mesmo? Na verdade, é um pouco mais que isso. A vida, ou qualquer “estado de coisas” numa sociedade, é produto da combinação entre o estado prévio, acaso e o arbítrio, ou seja, decisão.

Passar mal com o calor insuportável dos verões destes últimos anos é produto do estado prévio. Existe um aquecimento global, o curso dos útimos anos é este, não é uma decisão e nem é fortuito: há uma história climática que fez deste o “estado prévio”.

A queda de um meteorito com metais raros no capô do automóvel sucateado de uma família pobre é um evento fortuito (do acado) que fará dela milionária. Ser abalroado por um caminhão desgovernado numa estrada com neblina é um evento fortuito.

Isso tudo parece muito óbvio até que examinamos com detalhes cada situação. O caminhão pode ter se desgovernado porque o motorista estava bêbado ou porque uma peça quebrou repentinamente. Esta peça pode ter quebrado por negligência da empresa que a fabricou ou porque uma em cada 100.000 delas quebra mesmo, é característica do material e do fenômeno.

Assim, poderíamos dizer que em qualquer momento da vida, temos um estado prévio (também chamado de contexto) que é uma pré-condição: nada podemos fazer em relação a ele. Também temos o acaso, sobre o qual obviamente nada podemos fazer. Finalmente, temos o reino do arbítrio.

Em qualquer sociedade, mais ou menos complexa, os indivíduos têm uma certa dose de poder decisório sobre questões que lhes dizem respeito. A outra parte foi delegada a instâncias de tomada de decisão, a maior parte delas residente sob o guarda-chuva “Estado”. De uma maneira muito simplista, viver em sociedade implica em abrir mão de uma certa quantidade de decisões, que passam a ser da esfera de outros ou de algo não pessoalizado.

Por exemplo: numa estrada, há uma mão que vai e outra que vem. Foi decidido assim. Você não pode decidir usar uma delas em sentido contrário. Para garantir que mesmo que você queira decidir, isso seja impossível, há uma barreira mecância em geral entre uma e outra. Essa decisão foi tomada por você, para você, por outras pessoas, você não participou e é assim que funciona.

Sociedades mais simples não são menos arbitrárias: podem ser mais. Por serem mais simples, os mecanismos de coerção são mais eficientes.

Numa sociedade moderna, complexa, sob governo democrático, existem inúmeras decisões que competem ao indivíduo. E é aí que entra o marketing, ou discurso persuasivo institucional, para ganhar a sua decisão. Você conhece essa palavra para indicar as atividades que produzem publicidade comercial. No entanto, todas as instituições produzem um discurso de persuasão para influenciar sua decisão pessoal. A sua decisão tem um valor muito maior do que você imagina que ela tenha. Todos lutam por ela.

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Conheça o autor: Mark Sisson

Nessa edição da série “Conheça o autor” nós conheceremos um pouco sobre um jovem de 58 anos. Bom, pelo menos ele aparenta estar bem mais jovem…

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Proatividade e exemplo familiar

coca-cola-assume-que-engorda-e-lanca-campanha-contra-obesidade_by_gazapublicidadeblog_2013-496x292….e então entram Marcela e sua mãe, Maria. Puxam as cadeiras, sentam-se. Maria coloca em cima da mesa seu maço de cigarros e o celular. Respondem ao “bom dia”: a moça, com um sorriso tímido, e a mãe, de olhos acusadores em cima de Marcela. E lá vamos nós…

– “ Então, Marcela, o quê traz você ao nutricionista?” Continue lendo


O peso da pobreza: sobre-alimentação involuntária nos segmentos socio-economicamente desprivilegiados

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Epidemia é definido como um fenômeno em que a incidência de um determinado problema de saúde excede o que é esperado em termos do comportamento anterior da mesma. A incidência de qualquer condição pode ser medida e modelada quantitativamente. Quando a curva de incidência no tempo muda seu comportamento e passa a aumentar mais, temos uma epidemia.

Definitivamente, temos uma epidemia de sobrepeso e obesidade, cujas causas têm sido debatidas por diversos grupos e autores, em congressos, comissões especiais e órgãos governamentais (aqui aqui).

O conhecimento científico sobre um fenômeno epidêmico segue o mesmo com maior ou menor discrepância temporal. O aumento da produção científica sobre sobrepeso, sobrealimentação e obesidade obedece uma curva exponencial a partir dos anos 1990. Isso reflete tanto a consciência pública em relação à relevância do problema como a maior importância da área da epidemiologia nutricional. Continue lendo


Ex-obeso, ainda gordo: questões de identidade e proatividade.

Estou gordo. Já estive obeso II (antigamente chamado de mórbido).
Para mim, a obesidade é uma prisão pessoal portátil, ou, como dito em outro texto: Ser gordo é um saco!

Sim, o mundo não está preparado para quem tem mais de um metro de cintura. Continue lendo


Esta época do politicamente correto é um saco!

Mal nosso blog foi ao ar e começaram a nos rotular de gordofóbicos.
Sinceramente, gostaria de saber onde está a gordofobia no ato de se preocupar com a saúde das pessoas?
Onde está a gordofobia no ato de tentar fazer as pessoas se preocuparem com a qualidade do que estão ingerindo?
Onde está a gordofobia no ato de se alimentar pensando na finalidade dos nutrientes que estamos ingerindo?
Onde está a gordofobia em se pensar na alimentação como um ato fisiológico essencial para a nossa sobrevivência? Continue lendo


Quer ficar bonito ou bonita ? Compre um pente !

fashion ave

Na minha vida profissional sou um industrial do ramo do vestuário e da moda, tenho uma confecção de roupas femininas de malha, isso mesmo fui um obeso mórbido `a serviço da industria da beleza, sarcástico para alguns, para outros um enredo de filme do Woody Allen, eu achava tragicômico e gostava de brincar com o assunto, brincava sentindo uma alegria estranha, meio amarga, sentindo-me como um pierrot, uma espécie de palhaço triste, afinal de contas todo gordinho é super divertido e bem humorado, não é o que ensina o senso comum ?  Para nós, para a nossa industria, pessoas só existem em quatro tamanhos: “P,M,G e GG”, e tudo isso sancionado e regulamentado pelo Estado, através do Ipem (Instituto Nacional de Pesos e Medidas), coisa mais ridícula. Continue lendo