O peso da pobreza: sobre-alimentação involuntária nos segmentos socio-economicamente desprivilegiados

Image

Epidemia é definido como um fenômeno em que a incidência de um determinado problema de saúde excede o que é esperado em termos do comportamento anterior da mesma. A incidência de qualquer condição pode ser medida e modelada quantitativamente. Quando a curva de incidência no tempo muda seu comportamento e passa a aumentar mais, temos uma epidemia.

Definitivamente, temos uma epidemia de sobrepeso e obesidade, cujas causas têm sido debatidas por diversos grupos e autores, em congressos, comissões especiais e órgãos governamentais (aqui aqui).

O conhecimento científico sobre um fenômeno epidêmico segue o mesmo com maior ou menor discrepância temporal. O aumento da produção científica sobre sobrepeso, sobrealimentação e obesidade obedece uma curva exponencial a partir dos anos 1990. Isso reflete tanto a consciência pública em relação à relevância do problema como a maior importância da área da epidemiologia nutricional.

Esse novo conhecimento trouxe à tona questões com as quais a sociedade tem tido dificuldade em lidar. Algumas têm sido especialmente bem exploradas e se referem às perversas relações entre a indústria da alimentação e farmacêutica com a epidemia de obesidade.

Uma outra questão, no entanto, é uma ideia singela: sobrepeso e obesidade, por anos associados à fartura econômica (países ricos) e às classes abastadas, são, na verdade, um problema da pobreza.Ainda que existam vários países, como a Índia e a Nigéria, onde a proporção de adultos magros é suficientemente alta para que falemos de fome endêmica, hoje, cada vez mais, a pobreza, em países industrializados, está associada ao sobrepeso.

Os estudos mais detalhados sobre a questão foram feitos nos Estados Unidos e mostram a segmentação da incidência da obesidade conforme etnia, sexo e nível educacional . Mulheres são mais vitimadas pela obesidade do que homens, negras mais do que brancas e recentemente o tema mais alarmante vem sendo o crescimento da obesidade infantil. Quanto menor o nível educacional, maior a incidência de obesidade.

No Brasil não é diferente: ao contrário do que se podia inferir da propaganda política recente (“Fome Zero”), o Brasil não tem fome endêmica. Os índices de fome no Brasil são próximos aos de países europeus.

No entanto, o sobrepeso e a obesidade vêm aumentando ano a ano.

Embora os países sejam muito diferentes em suas culturas alimentares, alguns padrões têm emergido:

  1. As maiores taxas de obesidade ocorrem nos grupos com maior taxa de pobreza e menor índice educacional;
  2. Existe uma relação inversa entre densidade energética (kcal/kg) e custo energético ($/kg).

CONTINUE LENDO O ARTIGO AQUI

Sobre mariliacoutinho

Marilia Coutinho is a multi-disciplinary educator (researcher, professor, writer, speaker, coach, whatever) who writes evidence-based pieces about both technical and social/philosophical aspects of health, strength and strength training. Her academic work has mostly covered biochemistry, social studies of science and Latin American Studies. She has both a MS and a Ph.D. and her background/degrees include biology, biochemistry, ecology and sociology of science and health. Marilia has been a powerlifting world champion, broke several federation world records and one all-time record. She has also been a competitive fencer. She was a faculty member in three universities, has a few published books, many peer-reviewed articles and thousands of other published pieces, from fun to serious. Ver todos os artigos de mariliacoutinho

2 respostas para “O peso da pobreza: sobre-alimentação involuntária nos segmentos socio-economicamente desprivilegiados

Deixe um comentário