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Sobre mariliacoutinho

Marilia Coutinho is a multi-disciplinary educator (researcher, professor, writer, speaker, coach, whatever) who writes evidence-based pieces about both technical and social/philosophical aspects of health, strength and strength training. Her academic work has mostly covered biochemistry, social studies of science and Latin American Studies. She has both a MS and a Ph.D. and her background/degrees include biology, biochemistry, ecology and sociology of science and health. Marilia has been a powerlifting world champion, broke several federation world records and one all-time record. She has also been a competitive fencer. She was a faculty member in three universities, has a few published books, many peer-reviewed articles and thousands of other published pieces, from fun to serious.

Debate: a quem interessa não desenvolver políticas de combate às desordens do sedentarismo e má alimentação

O debate abaixo foi uma atividade feita online no dia 3 de março, pela página do Facebook do projeto “(Marilia Coutinho)”.

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Questão aberta: A Organização Mundial de Saúde identificou, em maio de 2004, que 60% da morbidade e mortalidade da população humana estava relacionada com a alimentação inadequada e a inatividade física. Ou seja, estamos comemorando 10 anos desta constatação, sem grandes avanços. Por que será que é tão complicado enfrentar a questão?

(Luális Rosa) É uma questão de envolve muitos interesses… A quem importa uma população doente?

(Alberto Sarly Coutinho) População doente alimenta toda uma cadeia: laboratórios e grandes indústrias de alimentos em primeira ordem e todos os seus derivados em cascata. Gente pobre e doente (relação minha, tendo em vista que a grande massa da população mundial encontra-se em na faixa da pobreza) gera MUITO dinheiro!

(Marilia Coutinho) Bom, acho que o Alberto colocou o dedo na ferida: a “indústria da doença” não tem nenhum interesse em que essa pandemia seja resolvida. Então, nesse caso, a ela importa muito uma população doente, pois lucra com isso – e quem paga a conta financeira é toda a população. Quem paga em sofrimento é quem fica doente.

(Alberto Sarly Coutinho) Gente doente se contenta com qualquer alívio, o que fortalece as políticas governamentais de reforço ao sofrimento, apresentação de uma melhoria mínima (que não resolve o problema, mas para quem está sofrendo é quase a salvação), para então se firmar “mamando nas tetas financeiras” do país.

(Marilia Coutinho) Seria talvez como os anti-depressivos, que aliviam “um pouquinho” e logo em seguida requerem outras drogas adicionais ou mesmo substituição por outro anti-depressivo? Manter a população doente por inatividade e má alimentação inativa e comendo mal, mas “um pouquinho” melhor com um anti-hipertensivo?

(Alberto Sarly Coutinho) Hoje em dia é fácil encontrar em farmácias populares os medicamentos para hipertensão (Hidroclorotiazida) e para diabetes (Cloridrato de metformina) dados pelo governo, mas o que as pessoas não se perguntam é quanto foi pago (e é pago) para que esses medicamentos sejam oferecidos à população, que de forma inconsciente sentem liberdade para seguir uma estrutura de dieta que favorece o aparecimento dessas duas pandemias, o diabetes e a hipertensão. Cria-se um círculo vicioso que se alimenta de si mesmo… É triste.

(Luális Rosa) É interessante para quem detêm o poder que nos afastemos de nós mesmos, quanto mais medicalizados, mais nos perdemos daquilo que realmente somos. Nos fazem acreditar que existe uma pilula magica que resolverá todos nossos problemas que está a venda na farmácia mais próxima. E assim alienados de nos mesmos, vamos perdendo nossa essência.

(Marilia Coutinho) Então, Alberto, teríamos um terceiro “ator” com interesses investidos aqui: as burocracias governamentais corruptas. A indústria alimentícia e a estrutura de trabalho e vida urbana, sem espaço para a vivência corporal ativa, proporciona a doença; a indústria farmacêutica produz medicamentos para vender para os doentes, sem obviamente curar uma doença que é de estilo de vida; as burocracias governamentais aprovam a compra em lote dos medicamentos e distribuem à população, que permanece doente. A indústria ganha dos dois lados e a população perde de três formas: ficando doente, pagando impostos e pagando medicamentos. É isso?

(Alberto Sarly Coutinho) O sonho da grande maioria das pessoas é esse, tomar um comprimido e não precisar fazer nenhum tipo de exercício físico, não precisar cuidar da alimentação. O que nos leva a outras duas áreas que se alimentam disso, a indústria dos suplementos alimentares e a indústria das drogas ilícitas, que oferecem todos os anos uma “novidade nova nunca antes vista que poderá resolver todos os problemas”.

(Luális Rosa) Não sei se já viram isso: Pílula é capaz de produzir os mesmos efeitos da prática de exercícios

http://www.minhavida.com.br/alimentacao/materias/3037-pilula-e-capaz-de-produzir-os-mesmos-efeitos-da-pratica-de-exercicios

* – *

(Alberto Sarly Coutinho) Parece existir uma política de descobrimento, confirmação e então a manutenção desse status quo. Encaro a indústria da doença como uma das responsáveis por produzir os reforços negativos que só agravam o estado da população.

(Marilia Coutinho) Alberto, como você acha que se articulam estes interesses? A OMS teria identificado a questão através de um impotente “braço acadêmico” a despeito dos interesses da “indústria da doença” (alimentícia + farmacêutica)? Ou até mesmo a identificação da pandemia teria intersses perversos, para vender mais medicamento, indústria de emagrecimento, etc?

(Alberto Sarly Coutinho) O maior exemplo de alarde feito pela indústria farmacêutica dos últimos anos chama-se H1N1, com uma corrida quase armamentista para a vacinação em massa (o que levou o laboratório GlaxoSmithKline a lucrar horrores).

(Marilia Coutinho) Os carros-chefe da indústria farmacêutica são os anti-hipertensivos, drogas anti-colesterol e psicotrópicos. Você acredita que manter o mito do colesterol como causa das doenças coronárias e vascules, em detrimento da inatividade e consumo de açúcares é algo orquestrado por ela?

(Alberto Sarly Coutinho) Alimentos produzidos com trigo e derivados do açúcar são baratos para a produção e facilmente produzidos em larga escala, assim a indústria de alimentos ganha pelo volume de venda. Alimentos de origem animal precisam de muito mais tempo e dinheiro para serem produzidos, então é mais fácil criar um mito de que o colesterol é ruim e direcionar as escolhas da população para os carboidratos combinados (açúcar + gorduras), assim se mantem toda uma rede de problemas interligada.

(Marilia Coutinho) Interessante! Mas em países de primeiro mundo, o consumo de proteína de má qualidade com grande quantidade de carboidrato de alto IG predomina na alimentação do pobre, muito calcada na fast food. Esse argumento seria então mais válido para países em desenvolvimento e altamente urbanizados, como o nosso?

(Alberto Sarly Coutinho) Aqui temos absorvido a mentalidade “superior” dos país de primeiro mundo e consumindo também esse tipo de alimentos nutricionalmente pobres. Vamos analisar o BigMac? 494kcal, 40g de Carboidratos, 25g de Proteínas, 26g de Gordutas, 60mg de Colesterol. Só essa combinação de ‘nutrientes’ consumidos lá fora e aqui no Brasil tem mais capacidade de colocar um sujeito normal doente do que o mesmo peso (204g) de carne bovina.
A tabela nutricional vocês encontram aqui: http://goo.gl/vU8CZ9


A alienação corporal pesa mais sobre a mulher

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Como se expressa a alienação corporal? Como podemos identificar sua expressão na vida social?

Existem várias manifestações patológicas da alienação corporal:
– desordens alimentares
– insatisfação com a própria imagem / desordens dismórficas
– sedentarismo (sim, considero sedentarismo um comportamento patológico)
– desordens sexuais
– fracasso na adesão a programas de atividade física
– fracasso na adesão a tratamentos de saúde que requerem pro-atividade

1. Desordens alimentares

Ao contrário da literatura mainstream, eu faço uma distinção entre os comportamentos voluntários e os involuntários neste caso. Existe uma epidemia de sobre-alimentação na sociedade não necessariamente associada a um comportamento patológico, e sim como resultado da vitimização do indivíduo pouco informado ou pobre pela indústria alimentícia. Esse indivíduo se sobre-alimenta INVOLUNTARIAMENTE, já que as doses de alimento nas refeições suficientes para satisfazê-lo têm um conteúdo calórico muito superior ao seu consumo fisiológico e ele não sabe disso. É o caso do pobre ou indivíduo sem acesso a informação que consome fast food e ingere mais de 1500 calorias apenas em sanduíche e refrigerante.
A sobre-alimentação VOLUNTÁRIA é outro caso: é o comportamento dos indivíduos que têm acesso a informação suficiente para muni-lo com ferramentas decisórias e que DECIDE fazer superavit calórico. Ele sabe que as consequências serão aumento de peso ou manutenção de seu sobre-peso, e ainda assim mantém o mesmo comportamento.
A sub-alimentação  voluntária está envolvida nas causas das desordens dismórficas da anorexia e bulimia, enquanto a involuntária ocorre em situações de fome endêmica.

“Overeating” (sobre-alimentação) e suas consequências, o sobre-peso e a obesidade, a anoexia e a bulimia são desordens de causas complexas, mas têm algo em comum: o corpo é externo ao portador. Ele DECIDE não atender a uma demanda fisiológica porque a demanda é de “alguém mais”, e não dele. Não é “ele” que ganhará excesso de gordura ou perderá peso através do comportamento, e sim “seu corpo”. O corpo é um fardo, um problema, algo inclusive odiado, porque rebelde e fora de controle.

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O invisível envenenamento do seu corpo no visível envenenamento do planeta

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Ser onívoro e manipular racionalmente sua alimentação é uma opção entre o existencial e o técnico. Diz respeito a estilo de vida, à apropriação de si mesmo quanto a um aspecto fundamental da corporalidade, que é a ingestão de alimento. Ser vegetariano pode ser uma opção de cunho espiritual, político e ideológico, e assim integrar o indivíduo a si mesmo num outro plano. Adotar uma alimentação sem lixo químico e produzida segundo padrões de ética não é uma opção: é uma obrigação com o planeta, com a sociedade e com você mesmo. No fundo, todos sabemos em maior ou menor grau que isso é verdade. O problema é viabilizar esta prática mandatória.

Estamos falando sobre o consumo de alimentos orgânicos. Eu sempre impliquei com este termo. Assim como impliquei com a “cozinha natural”, produtos “bio” e produtos ecológicos. Lembro inclusive que, ainda na faculdade, o professor de Ecologia Geral se enfurecia com os ambientalistas que se apropriavam do termo, dizendo que toda esta prática poderia ser designada no máximo como “ecófila” (amiga da casa) – jamais “ecológica” (conhecedora da casa). Orgânico era pior: existe leite inorgânico? E sal? Não pode comer sal? Sal – seja ele refinado ou não – é NaCl. Do ponto de vista da nomenclatura química, é um composto inorgânico. Ler no rótulo de sal marinho a chancela de “produto orgânico” me dava uma pequena revolta. “Cozinha natural” dava mais pano para manga: podíamos passar horas e horas discutindo a complicada fronteira entre o natural e o artificial, conceituando como artifício tudo aquilo que passa pelo engenho humano. Como cozinhar, por exemplo. “Bio” era piada.

O termo orgânico, no entanto, bem como o conjunto de ações e abordagens intelectuais à questão alimentar relacionadas a ele, tem uma origem menos óbvia. Vem da concepção holística e ecologicamente equilibrada da “fazenda como um organismo”, proposta em 1939 por Lord Nothbourne em seu livro Look to the Land (Paull 2006).

Não é surpreendente que esta proposta tenha surgido ao final dos anos 1930s. Foi durante este período que ocorreu a primeira grande catástrofe agro-ecológica moderna – o Dust Bowl.

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Riscos

Risk-Taking

Terminei o artigo sobre decisão dizendo que tomar consciência de que a decisão, ainda que não seu processo, é irredutivelmente sua é um momento empoderador. Saber que a decisão é sua não implica que o exercício deste poder será sempre feito de maneira a maximizar a saúde, o bem estar e a harmonia.

A vida não é assim. Qualquer vida que mereça o selo de densidade e intensidade contém uma dose variável de riscos. Entre o extremo de aversão a risco e o extremo de bancar o risco há um gradiente. Cada um se coloca neste gradiente onde pode – não necessariamente onde quer. Esse lugar é determinado por uma combinação entre elementos intríncecos (personalidade, história de vida, humor) e extríncecos (fases mais ou menos hospitaleiras a risco).

Há aqueles que tocam um foda-se e assumem riscos que fascinam e assustam a imensa maioria.

Isso vale para qualquer aspecto do comportamento humano. Não seria diferente no comportamento alimentar.

Neste tópico, por diversos motivos, incluo o comportamento adictivo.

Todo mundo faz avaliação e análise de risco. Ela é um campo de investigação acadêmica e de saber aplicado, com modelagem matemática sofisticada. No entanto todos somos dotados de uma das ferramentas mais eficientes para a avaliação e análise de risco: o medo.

O risco é o produto da probabilidade da consequência negativa de algo ocorrer e da perda esperada no caso que ocorra.

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Decisão: por que ela é sua e como tomar a melhor

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Decisões. A vida é cheia delas, não é mesmo? Na verdade, é um pouco mais que isso. A vida, ou qualquer “estado de coisas” numa sociedade, é produto da combinação entre o estado prévio, acaso e o arbítrio, ou seja, decisão.

Passar mal com o calor insuportável dos verões destes últimos anos é produto do estado prévio. Existe um aquecimento global, o curso dos útimos anos é este, não é uma decisão e nem é fortuito: há uma história climática que fez deste o “estado prévio”.

A queda de um meteorito com metais raros no capô do automóvel sucateado de uma família pobre é um evento fortuito (do acado) que fará dela milionária. Ser abalroado por um caminhão desgovernado numa estrada com neblina é um evento fortuito.

Isso tudo parece muito óbvio até que examinamos com detalhes cada situação. O caminhão pode ter se desgovernado porque o motorista estava bêbado ou porque uma peça quebrou repentinamente. Esta peça pode ter quebrado por negligência da empresa que a fabricou ou porque uma em cada 100.000 delas quebra mesmo, é característica do material e do fenômeno.

Assim, poderíamos dizer que em qualquer momento da vida, temos um estado prévio (também chamado de contexto) que é uma pré-condição: nada podemos fazer em relação a ele. Também temos o acaso, sobre o qual obviamente nada podemos fazer. Finalmente, temos o reino do arbítrio.

Em qualquer sociedade, mais ou menos complexa, os indivíduos têm uma certa dose de poder decisório sobre questões que lhes dizem respeito. A outra parte foi delegada a instâncias de tomada de decisão, a maior parte delas residente sob o guarda-chuva “Estado”. De uma maneira muito simplista, viver em sociedade implica em abrir mão de uma certa quantidade de decisões, que passam a ser da esfera de outros ou de algo não pessoalizado.

Por exemplo: numa estrada, há uma mão que vai e outra que vem. Foi decidido assim. Você não pode decidir usar uma delas em sentido contrário. Para garantir que mesmo que você queira decidir, isso seja impossível, há uma barreira mecância em geral entre uma e outra. Essa decisão foi tomada por você, para você, por outras pessoas, você não participou e é assim que funciona.

Sociedades mais simples não são menos arbitrárias: podem ser mais. Por serem mais simples, os mecanismos de coerção são mais eficientes.

Numa sociedade moderna, complexa, sob governo democrático, existem inúmeras decisões que competem ao indivíduo. E é aí que entra o marketing, ou discurso persuasivo institucional, para ganhar a sua decisão. Você conhece essa palavra para indicar as atividades que produzem publicidade comercial. No entanto, todas as instituições produzem um discurso de persuasão para influenciar sua decisão pessoal. A sua decisão tem um valor muito maior do que você imagina que ela tenha. Todos lutam por ela.

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O efeito “diário alimentar”

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Algum tempo atrás publiquei um artigo com o título de “the journaling effect”. Tratava-se de uma crônica sobre o meu próprio comportamento alimentar quando registrando e quando não registrando a dieta, ou seja, fazendo o diário alimentar. Quando é necessário modificar o peso ou composição corporal por ocasição de alguma competição, o registro por si só já provoca as alterações no sentido previsto. O fato é que o ato de registrar de forma precisa e detalhada algum comportamento ilumina o mesmo com nossa atenção e traz à tona elementos inconscientes ou pouco conscientes.

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O peso da pobreza: sobre-alimentação involuntária nos segmentos socio-economicamente desprivilegiados

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Epidemia é definido como um fenômeno em que a incidência de um determinado problema de saúde excede o que é esperado em termos do comportamento anterior da mesma. A incidência de qualquer condição pode ser medida e modelada quantitativamente. Quando a curva de incidência no tempo muda seu comportamento e passa a aumentar mais, temos uma epidemia.

Definitivamente, temos uma epidemia de sobrepeso e obesidade, cujas causas têm sido debatidas por diversos grupos e autores, em congressos, comissões especiais e órgãos governamentais (aqui aqui).

O conhecimento científico sobre um fenômeno epidêmico segue o mesmo com maior ou menor discrepância temporal. O aumento da produção científica sobre sobrepeso, sobrealimentação e obesidade obedece uma curva exponencial a partir dos anos 1990. Isso reflete tanto a consciência pública em relação à relevância do problema como a maior importância da área da epidemiologia nutricional. Continue lendo


A linha tênue entre Saúde e Estética

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(este texto foi originalmente publicado em 2007 e fundamentou a proposta do meu livro “saúde e estética” – reproduzo aqui por afinidade no projeto)

Anteontem recebi um e-mail de um amigo (vamos chamá-lo de “amigo 1”) que me pediu ajuda com uma questão de saúde. Não muito diferente de outros que recebo de gente que me identifica por aqui, pelo meu site ou pelo orkut: um homem sedentário com sobrepeso acentuado que não está satisfeito com essa condição. Este homem não está satisfeito nem com a própria aparência, nem com a sensação geral de mal-estar associada à condição. Me disse que se sente bem quando pratica algum exercício, mas que seu médico (cujo CRM no mínimo deveria ser cassado) pediu que ele não praticasse atividade física alguma. O médico anti-ético, desinformado e mal-formado não é assunto desta crônica – são a maioria e já tratei deles em outro artigo. Continue lendo


Anorexia: mais uma desordem da alienação corporal e impossibilidade de comportamento proativo

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Nossos leitores pediram que falássemos um pouco sobre anorexia. Assim, de sopetão, não vamos produzir algo com muita profundidade. Dois textos meus de 2006 contém uma reflexão sobre as condicionantes da morte de uma supermodel gaúcha, uma menina apenas, por anorexia.

Como várias questões desta natureza, não é um problema fácil. Inúmeros aspectos devem ser considerados isoladamente e no contexto de sua interação. Naquele momento, o que menos consideramos foi a relação da garota com o prato de comida. A grande questão era “de quem é a culpa?”. Continue lendo


Eu e meu corpo: o gato feio lá fora

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Este texto tem quase dez anos. Muita coisa do que eu penso mudou. A pré-atleta que eu era é hoje uma atleta profissional com record mundial e cursos para dar para dezenas de alunos a cada edição. Os gordos e magros ocuparam outros lugares na minha vida e meu foco na alimentação se deslocou para outras preocupações.

Em 2005, acho que eu caía também na armadilha da gordofobia: a obsidade era um mistério assustador que eu só então começava a tentar entender, ainda com uma boa dose de preconceito. Esse gordo avesso ao mundo do movimento era o tal do “outro” incognocível. Não é mais assim que eu penso ou sinto hoje. Continue lendo